Capítulo 51 N de 1
51.1 Ensaio N-de-1
51.1.1 O que são ensaios N-de-1?
Ensaios N-de-1 são delineamentos experimentais em que um único paciente recebe, em períodos alternados, duas ou mais intervenções (ex.: tratamento A e tratamento B).416
Cada ciclo é formado por dois períodos (AB ou BA), cuja ordem é randomizada, garantindo controle temporal e redução de vieses.416
O foco está na comparação intraindivíduo, permitindo avaliar diretamente se o paciente em questão responde melhor a uma intervenção.416
51.1.2 Quando usar ensaios N-de-1?
Doenças crônicas estáveis, em que o desfecho pode ser observado repetidamente.416
Condições raras ou com grande heterogeneidade de resposta entre pacientes.416
Situações clínicas de incerteza, quando se deseja personalizar o tratamento.416
51.1.3 Qual a relevância dos ensaios N-de-1?
Os ensaios N-de-1 permitem decisões clínicas personalizadas e baseadas em evidência direta.416
Quando combinados, podem gerar estimativas comparáveis às de ensaios clínicos convencionais, mantendo o foco centrado no paciente.416
Representam uma alternativa metodológica robusta para cenários de incerteza terapêutica.416
51.2 Aspectos metodológicos
51.2.1 Como é feita a randomização?
A ordem dos tratamentos em cada ciclo é definida aleatoriamente (ex.: AB, BA, AB…).416
Essa randomização reduz viés de período e efeito de expectativa.416
51.2.2 Como são feitas as análises?
Comparações intraindivíduo (testes pareados ou estimativas de efeito médio por paciente).416
Combinação de múltiplos N-de-1 por meio de meta-análises ou modelos mistos para inferências em nível populacional.416
51.2.3 Quais perguntas de inferência podem ser respondidas?
Q1: Há efeito do tratamento dentro dos ciclos de um paciente?416
Q2: Qual é o efeito médio observado nos pacientes estudados?416
Q3: O efeito é homogêneo ou heterogêneo entre pacientes?416
Q4: Qual é o efeito específico em cada paciente individual?416
Q5: Qual é o efeito esperado em populações semelhantes?416
51.3 Limitações e cuidados
51.3.1 Quais são os principais desafios dos ensaios N-de-1?
Baixo poder estatístico quando poucos ciclos são realizados.416
Necessidade de períodos de washout para evitar efeito de carry-over.416
Interpretação dependente de pressupostos sobre homogeneidade ou heterogeneidade dos efeitos.416
Em amostras muito pequenas, pode ser necessário usar variâncias externas ou modelos mistos.416
Ferreira, Arthur de Sá. Ciência com R: Perguntas e respostas para pesquisadores e analistas de dados. Rio de Janeiro: 1a edição,