Capítulo 19 Análise descritiva


19.1 Análise descritiva


19.1.1 O que é análise descritiva?

  • Análise descritiva é usada para compreendermos algum aspecto de um conjunto de dados, respondendo a perguntas do tipo “quando?”, “onde?”, “quem?”, “o quê?”, “como?” e “e daí?”.108,204



19.1.2 Como apresentar os resultados descritivos?

  • Variáveis categóricas: Reporte valores de frequência absoluta e relativa (n, percentual).205

  • Organização das tabelas: as variáveis são exibidas em linhas e os grupos são exibidos em colunas.205

  • Calcule percentagens para as colunas (isto é, entre grupos) e não entre linhas.205

  • Em caso de dados perdidos, não inclua uma linha com total de dados perdidos, pois distorce as proporções entre colunas e as análises de tabela de contingência. Indique no texto ou em uma coluna separada o total de dados perdidos por variável.205


19.2 Apresentação de resultados numéricos


19.2.1 O que são casas decimais?

  • O número de casas decimais refere-se à quantidade de dígitos que aparecem após a vírgula decimal.206,207

  • Para tamanhos de efeito: use 2–3 dígitos significativos.208

  • Para medidas de variabilidade (desvio-padrão/erro-padrão/intervalo de confian’;cça): use 1–2 dígitos significativos.208


19.2.2 O que são dígitos significativos?

  • O termo “dígitos significativos” é preferido a “algarismos significativos” ou “dígitos efetivos” e não se relaciona com significância estatística.206,207

  • O número de dígitos significativos é a soma total de dígitos, desconsiderando a vírgula decimal e os zeros à esquerda; os zeros à direita são considerados informativos, salvo exceções.206,207


19.2.3 Como arredondar dados numéricos?

  • Apresentar dados com quantidade excessiva de casas decimais pode dificultar a interpretação e induzir erroneamente uma precisão espúria.206,207

  • A precisão é determinada pelo grau de arredondamento aplicado, medido em casas decimais ou dígitos significativos.206,207


Tabela 19.1: Quantidade de casas decimais e dígitos significativos.
Valor Casas Decimais Dígitos Significativos
0,00789 5 0
0,0456 4 0
45,6 1 2
123,456 3 3
7890,0000 4 4


  • O arredondamento também introduz erros, uma vez que aumenta a imprecisão (isto é, incerteza) em torno do valor original.206,207


Tabela 19.2: Valores originais, arredondamentos e erros de arredondamento por casas decimais.
Valor Casas Decimais Dígitos Significativos 2 Casas decimais [Margem de erro] 1 Casa decimal [Margem de erro] Sem casa decimal [Margem de erro]
0,00789 5 0 0,01 [0,005, 0,015] 0,0 [-0,05, 0,05] 0 [-0,5, 0,5]
0,0456 4 0 0,05 [0,045, 0,055] 0,0 [-0,05, 0,05] 0 [-0,5, 0,5]
45,6 1 2 45,60 [45,595, 45,605] 45,6 [45,55, 45,65] 46 [45,5, 46,5]
123,456 3 3 123,46 [123,455, 123,465] 123,5 [123,45, 123,55] 123 [122,5, 123,5]
7890,0000 4 4 7890,00 [7889,995, 7890,005] 7890,0 [7889,95, 7890,05] 7890 [7889,5, 7890,5]


  • A regra geral é utilizar 2 ou 3 dígitos significativos para tamanhos de efeito e 1 ou 2 dígitos significativos para medidas de variabilidade.207

  • Regra dos 3 dígitos significativos para proporção de risco: em média, o erro de arredondamento é menor que os 0,5% exigidos, de modo que três dígitos significativos são mais precisos do que o necessário.206

  • Regra dos 4 dígitos significativos para proporção de risco: divida a proporção de risco por quatro e arredonde para dois dígitos significativos e, em seguida, relate a proporção para esse número de casas decimais.206


19.3 Tabelas


19.3.1 Por que usar tabelas?

  • Tabelas complementam o texto (e vice-versa), e podem apresentar os dados de modo mais acessível e informativo.209


19.3.2 Que informações incluir nas tabelas?

  • Título ou legenda, uma síntese descritiva (geralmente por meio de parâmetros descritivos), intervalos de confiança e/ou P-valores conforme necessário para adequada interpretação.209,210


19.3.3 Quais são os tipos de tabelas?


  • Tabela de frequência: apresenta a quantidade de ocorrências (frequência absoluta e relativa) de cada categoria de uma variável; usada com variáveis qualitativas ou quantitativas discretas.REF?

  • Tabela de frequência agrupada: organiza dados contínuos em intervalos de classe (ex: faixas etárias) e mostra as frequências correspondentes.REF?

  • Tabela de contingência (ou tabela cruzada): cruza duas variáveis categóricas, permitindo observar possíveis associações entre elas.REF?

  • Tabela de medidas descritivas: resume variáveis quantitativas com estatísticas como média, mediana, desvio-padrão, mínimo, máximo e quartis.REF?

  • Tabela de comparação entre grupos: apresenta médias, desvios-padrão e ocasionalmente resultados de testes de inferência estatística para comparar dois ou mais grupos.REF?

  • Tabela de resultados de testes estatísticos: exibe valores de estatísticas de teste , P valores e intervalos de confiança; usada para mostrar inferências.REF?

  • Tabela de regressão (ou de modelos estatísticos): mostra os coeficientes de regressão, erros padrão, intervalos de confiança e P valores para cada variável de um modelo.REF?

  • Tabela de séries temporais ou longitudinais: organiza dados medidos em diferentes momentos no tempo, permitindo visualizar tendências ou variações longitudinais.REF?






19.3.4 Quais são os erros mais comuns de preenchimento de tabelas?

  • Erros tipográficos.215

  • Ausência de rótulos ou unidades nas variáveis.215

  • Relatar estatísticas incorretamente, tais como rotular variáveis contínuas como porcentagens.215

  • Estatísticas descritivas de tendência central (ex.: médias) relatadas sem a estatística de dispersão correspondente (ex.: desvio-padrão).215

  • Desvio-padrão nulo (\(\sigma=0\)).215

  • Valores porcentuais que não correspondem ao numerador dividido pelo denominador.215


19.4 Tabela 1


19.4.1 O que é a ‘Tabela 1’?

  • A ‘Tabela 1’ descreve as características demográficas, sociais e clínicas da amostra, completa ou agrupada por algum fator, geralmente por meio de parâmetros de tendência central e dispersão.216,217


19.4.2 Qual a utilidade da ‘Tabela 1’?

  • Descrever (conhecer) as características da amostra e dos grupos sendo comparados, quando aplicável.217

  • Verificar aderência ao protocolo do estudo, incluindo critérios de inclusão/exclusão, tamanho da amostra e perdas amostrais.217

  • Permitir a replicação do estudo.217

  • Meta-analisar os dados junto a estudos similares.217

  • Avaliar a generalização (validade externa) das conclusões do estudo.217


19.4.3 O que é a falácia da ‘Tabela 1’?

  • Falácia da Tabela 1 ocorre pela interpretação errônea dos P-valores na comparação entre grupos, na linha de base, de um ensaio clínico aleatorizado.218

  • Não interprete P da linha de base em ensaios clínicos como “desequilíbrio” (falácia da Tabela 1). Mantenha P-valor apenas como descritivo (ou omita), enfatizando desenho e aleatorização.208


19.4.4 Como construir a ‘Tabela 1’?

  • A Tabela 1 geralmente é utilizada para descrever as características da amostra estudada, possibilitando a análise de ameaças à validade interna e/ou externa ao estudo.177,219




Tabela 19.3: Características da amostra por grupo.
Características N Controle
N = 103
1
Intervenção
N = 97
1
Valor-p2
Sexo 200

0.060
    F
49 (48%) 59 (61%)
    M
54 (52%) 38 (39%)
Idade 200

0.8
    Média (Desvio Padrão)
61 (12) 60 (12)
    Mediana [Q1, Q3]
61 [53, 69] 60 [53, 69]
IMC 200

0.2
    Média (Desvio Padrão)
26.8 (3.7) 27.5 (4.0)
    Mediana [Q1, Q3]
26.6 [24.5, 29.7] 27.6 [25.6, 29.9]
1 n (%)
2 Teste qui-quadrado de independência; Teste de soma de postos de Wilcoxon


19.5 Tabela 2


19.5.1 Qual a utilidade da ‘Tabela 2’?

  • A Tabela 2 mostra associações ajustadas multivariadas com o resultado para variáveis resumidas na Tabela 1.216


19.5.2 O que é a falácia da ‘Tabela 2’?

  • A Tabela 2 pode induzir ao erro de interpretação pelas estimativas de efeitos para covariáveis do modelo também serem utilizados para controlar a confusão da exposição.216,220

  • Ao apresentar estimativas de efeito ajustadas para covariáveis juntamente com a estimativa de efeito ajustada para a exposição primária, a Tabela 2 sugere implicitamente que todas estas estimativas podem ser interpretadas de forma semelhante, se não de forma idêntica, como estimativa do efeito total.216,220

  • A falácia da Tabela 2 pode ser evitada limitando-se a tabela a estimativas das medidas primárias do efeito de exposição nos diferentes modelos, com as covariáveis secundárias de “ajuste” relatadas em uma nota de rodapé, juntamente com a forma como foram categorizadas ou modeladas.216


Tabela 19.4: Exemplo clássico de apresentação suscetível à Falácia da ‘Tabela 2’.
Características
Sem ajuste
Ajustado
OR 95% IC Valor-p OR 95% IC Valor-p
Grupo





    Controle

    Intervenção 1.71 0.98, 3.02 0.061 1.70 0.97, 3.03 0.067
Idade


1.02 1.00, 1.05 0.087
IMC


1.05 0.97, 1.13 0.2
Abreviações: IC = Intervalo de Confiança, OR = Razão de chances


19.5.3 Como construir a ‘Tabela 2’?

  • A Tabela 2 pode ser utilizada para apresentar estimativas de múltiplos efeitos ajustados de um mesmo modelo estatístico.216


Tabela 19.5: Exposição (OR; 95% IC) com e sem ajuste.
Características
Sem ajuste
Ajustado
OR 95% IC Valor-p OR 95% IC Valor-p
Grupo





    Controle

    Intervenção 1.71 0.98, 3.02 0.061 1.70 0.97, 3.03 0.067
Abreviações: IC = Intervalo de Confiança, OR = Razão de chances
Nota. Modelo ajustado por Idade (contínua) e IMC (contínuo). Covariáveis são usadas apenas para controle de confusão e não devem ser interpretadas como efeitos causais (Falácia da Tabela 2).




19.6 Visualização efetiva de dados


19.6.1 Por que começar pela mensagem antes do gráfico?

  • A figura deve responder a uma pergunta clara (comparação? tendência? composição?) e isso orienta a escolha do tipo de gráfico, dados e anotações. Esboce a mensagem e a pergunta antes de abrir o software.221

19.6.2 Como escolher a geometria e “mostrar os dados”?

  • Prefira geometrias que revelem distribuição/variabilidade (pontos, boxplots, violinos) em vez de médias sozinhas. Sempre que possível, exiba os dados brutos (pontos com jitter) junto da estatística-resumo.221


Exemplo de gráfico que mostra os dados brutos junto com um resumo estatístico (média e dispersão).

Figura 19.1: Exemplo de gráfico que mostra os dados brutos junto com um resumo estatístico (média e dispersão).


19.7 Gráficos


19.7.1 O que são gráficos?

  • Gráficos são utilizados para apresentar dados (geralmente em grande quantidade) de modo mais intuitivo e fácil de compreender.222


19.7.2 O que torna um bom gráfico tão poderoso?

  • “Não há ferramenta estatística tão poderosa quanto um gráfico bem escolhido”: gráficos ajudam a explorar dados, comunicar resultados e suportar decisões de forma clara e rápida.223


19.7.3 Que elementos incluir em gráficos?

  • Título, eixos horizontal e vertical com respectivas unidades, escalas em intervalos representativos das variáveis, legenda com símbolos, síntese descritiva dos valores e respectiva margem de erro, conforme necessário para adequada interpretação.222


19.7.4 Para que servem as barras de erro em gráficos?

  • Barras de erro ajudam ao autor a apresentar as informações que descrevem os dados (por exemplo, em uma análise descritiva) ou sobre as inferências ou conclusões tomadas a partir de dados.182,183

  • Barras de erro mais longas representam mais imprecisão (maiores erros), enquanto barras mais curtas representam mais precisão na estimativa.183

  • Barras de erro descritivas geralmente apresentam a amplitude (mínimo-máximo) ou desvio-padrão.183

  • Barras de erro inferenciais geralmente apresentam o erro-padrão ou intervalo de confiança no nível de significância \(\alpha\) pré-estabelecido.182,183

  • Barras de erro com desvio-padrão são úteis para descrever a variabilidade dos dados, enquanto as barras de erro com erro padrão da média são úteis para descrever a precisão do parâmetro estimado (média) e sua relação com o tamanho da amostra.182

  • Barras de erro com intervalo de confiança são úteis para fornecer uma estimativa da incerteza da estimativa do parâmetro populacional.182

  • O comprimento das barras de erro sugere graficamente a imprecisão dos dados do estudo, uma vez que o valor verdadeiro da população pode estar em qualquer nível do intervalo da barra.183

  • De modo contraintuitivo, um espaço entre as barras não garante significância, nem a sobreposição a descarta—depende do tipo de barra.182

  • Para amostras pequenas é preferível apresentar os dados brutos, uma vez que as barras de erro não serão muito informativas.182


Exemplos de gráficos com barras de erro e dados brutos.

Figura 19.2: Exemplos de gráficos com barras de erro e dados brutos.


Exemplos de gráficos com barras de erro e dados brutos em diferentes cenários.

Figura 19.3: Exemplos de gráficos com barras de erro e dados brutos em diferentes cenários.



19.7.5 Quais são os principais obstáculos para bons gráficos?

  • Dificuldade técnica, negligência no ensino tradicional e o foco em “beleza” sem clareza podem levar a gráficos ruins, mesmo quando bem intencionados.223


19.8 Tipos de gráficos


19.8.1 Quais são os tipos de gráficos para variáveis categóricas?

  • Gráfico de barras: Mais usado para comparar frequências absolutas ou relativas entre categorias.REF?


Gráfico de barras simples representando frequências por categoria.

Figura 19.4: Gráfico de barras simples representando frequências por categoria.


  • Gráfico de barras empilhadas: Útil para comparar proporções entre grupos em mais de uma variável categórica.REF?


Gráfico de barras empilhadas representando frequências por categoria.

Figura 19.5: Gráfico de barras empilhadas representando frequências por categoria.


Gráficos de barras represetando médias, barras de erro e dados individuais.

Figura 19.6: Gráficos de barras represetando médias, barras de erro e dados individuais.


19.8.2 Quais são os tipos de gráficos para variáveis numéricas?

  • Histograma: Distribuição de frequência de uma variável contínua. Mostra a forma da distribuição (simétrica, assimétrica, bimodal).REF?


Histograma da variável 'valor'.

Figura 19.7: Histograma da variável ‘valor’.


  • Gráfico de densidade: Similar ao histograma, mas mais suave. Útil para avaliar a distribuição.REF?


Gráfico de densidade da variável 'valor'.

Figura 19.8: Gráfico de densidade da variável ‘valor’.


  • Diagrama de caixa (boxplot): Resume mediana, quartis e valores extremos. Excelente para comparar grupos.REF?


Boxplot por grupo.

Figura 19.9: Boxplot por grupo.


  • Gráfico de violino: Combina boxplot e densidade, mostrando a distribuição da variável. Útil para comparar grupos.REF?


Violin plot por grupo.

Figura 19.10: Violin plot por grupo.


  • Gráfico de pontos (dot plot): Mostra cada valor individualmente, útil para pequenas amostras e para visualizar a distribuição.REF?


Gráfico de pontos da variável 'valor'.

Figura 19.11: Gráfico de pontos da variável ‘valor’.


19.8.3 Quais são os tipos de gráficos para relações entre variáveis?

  • Gráfico de dispersão (scatter plot): Mostra a relação entre duas variáveis quantitativas. Ideal para investigar correlações.REF?


Gráfico de dispersão representando a relação entre duas variáveis.

Figura 19.12: Gráfico de dispersão representando a relação entre duas variáveis.


  • Gráfico de bolhas (bubble chart): Expande o gráfico de dispersão adicionando uma terceira variável (tamanho da bolha).REF?


Gráfico de bolhas representando a relação entre três variáveis.

Figura 19.13: Gráfico de bolhas representando a relação entre três variáveis.


  • Gr;afico Sankey: Visualiza fluxos entre categorias em diferentes etapas ou grupos. Útil para mostrar proporções e transições.REF?


Figura 19.14: Sankey plot representando fluxos entre categorias.


  • Grágfico de parcats: Mostra relações entre múltiplas variáveis categóricas em paralelo. Útil para visualizar fluxos e proporções.REF?


Figura 19.15: Gráfico de categorias paralelas (parcats) representando transições entre categorias ao longo do tempo.


  • Gráfico de parts: Mostra a composição percentual de uma variável categórica. Útil para visualizar proporções.REF?


Gráfico de pares representando correlações entre múltiplas variáveis.

Figura 19.16: Gráfico de pares representando correlações entre múltiplas variáveis.


19.8.4 Quais são os tipos de gráficos para dados longitudinais?

  • Gráfico de spaghetti: Mostra trajetórias individuais ao longo do tempo, útil para dados longitudinais.REF?


Gráfico spaghetti representando dados longitudinais.

Figura 19.17: Gráfico spaghetti representando dados longitudinais.


19.8.5 Quais são os tipos de gráficos para séries temporais?

  • Gráfico de linhas: Mostra a evolução de uma variável ao longo do tempo, com pontos conectados por linhas.REF?


Gráfico de linha representando uma série temporal.

Figura 19.18: Gráfico de linha representando uma série temporal.


19.8.6 Quais são os tipos de gráficos para dados multivariados?

  • Gráfico de dispersão: Representa a relação entre duas variáveis, com pontos e uma linha de tendência.REF?


Gráfico de correlação entre duas variáveis com linha de tendência.

Figura 19.19: Gráfico de correlação entre duas variáveis com linha de tendência.


  • Gráfico de matriz de dispersão: Mostra relações entre múltiplas variáveis quantitativas, útil para identificar padrões.REF?


Matriz de dispersão representando relações entre múltiplas variáveis.

Figura 19.20: Matriz de dispersão representando relações entre múltiplas variáveis.


  • Gráfico de calor (heatmap): Representa dados em uma matriz, com cores indicando intensidade ou frequência.REF?


Mapa de calor da correlação entre variáveis.

Figura 19.21: Mapa de calor da correlação entre variáveis.


  • Gráfico de radar (ou gráfico de aranha): Representa várias variáveis em um único gráfico, útil para comparar perfis.REF?


Gráfico radar representando múltiplas variáveis.

Figura 19.22: Gráfico radar representando múltiplas variáveis.


19.8.7 Quais são as boas práticas na elaboração de gráficos?

  • O tamanho da amostra total e subgrupos, se houver, deve estar descrito na figura ou na sua legenda.183

  • Para análise inferencial de figuras, as barras de erro representadas por erro-padrão ou intervalo de confiança no nível de significância \(\alpha\) pré-estabelecido são preferíveis à amplitude ou desvio-padrão.182,183

  • Evite gráficos de barra e mostre a distribuição dos dados sempre que possível.208

  • Exiba os pontos de dados em boxplots.208

  • Use jitter simétrico em gráficos de pontos para permitir a visualização de todos os dados.208

  • Prefira palhetas de cor adaptadas para daltônicos.208

  • Uma boa legenda torna a figura autossuficiente: descreva amostra (n), geometrias, métricas de incerteza, escalas/unidades e mensagem principal. Se houver modelo, indique fórmula/ajustes em nota.221

  • Evite gráficos de barras com médias para variáveis contínuas; prefira pontos/box/violino e, em amostras pequenas, exiba todos os dados.208

  • Antes de finalizar um gráfico, faça as seguintes perguntas: (1) Mensagem está explícita? (2) Geometria adequada e dados visíveis? (3) Incerteza correta e rotulada? (4) Cores informativas e acessíveis? (5) Escalas comparáveis (se facetou)? (6) Legenda/caption autossuficiente? (7) Diferença clara entre dados e modelos? (8) Arquivo exportado na resolução/tamanho exigidos?221





19.9 Gráficos dinâmicos


19.9.1 O que são visualizações dinâmicas?

  • Visualizações dinâmicas combinam interatividade (exploração ativa pelo leitor) e animação (mudanças ao longo do tempo/iterações) para empacotar informação rica em exibições simples, tornando comunicação e exploração mais transparentes.228


19.9.2 Quando preferir interatividade?

  • Durante exploração de dados em equipe: destacar pontos/linhas por participante, filtrar subconjuntos e inspecionar impactos de escolhas analíticas (p.ex., outliers) sem gerar múltiplas figuras novas.228


Figura 19.23: Exemplo de gráfico interativo com Plotly.



19.9.3 Quando preferir animação?

  • Em apresentações e para ilustrar variação ao longo de tempo/condição/algoritmo, evitando painéis 3D ou facets excessivos. A animação guia a atenção e revela mudanças de forma passiva e fluida.228





Citar como:
Ferreira, Arthur de Sá. Ciência com R: Perguntas e respostas para pesquisadores e analistas de dados. Rio de Janeiro: 1a edição,


Referências

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